Desmame é o período de transição do paciente sob ventilação mecânica (VM) para a ventilação espontânea sem o uso de aparelhos. O insucesso na remoção do suporte ventilatório está associado ao aumento do número de complicações, especialmente à maior freqüência de infecções respiratórias, maior tempo de permanência no hospital, elevação dos custos e da mortalidade a curto e médio prazo. O uso de procedimentos padronizados por protocolos para a realização do desmame já está bem estabelecido em Unidades de Terapia Intensiva Gerais. Entretanto, as condições mais comumente internadas em Unidade Coronária tais como isquemia miocárdica aguda, disfunção ventricular esquerda e pós-operatório de cirurgia de revascularização miocárdica, promovem alterações hemodinâmicas e circulatórias completamente diferentes daquelas observadas em outros tipos de pacientes graves. Sendo assim, os efeitos da ventilação mecânica e do desmame devem ser testados especificamente nesta população. Até o momento, nenhum estudo controlado avaliou os efeitos do uso de protocolo de desmame em pacientes cardiopatas internados em Unidade Coronária. Objetivo:Comparar o desmame da ventilação mecânica realizado segundo a aplicação de protocolo baseado no teste de respiração espontânea e o mesmo procedimento realizado sem padronização, em pacientes cardiopatas internados em Unidade Coronária. Metodologia: Inicialmente foi feito um estudo piloto com o objetivo de estimar a incidência de insucesso no desmame ventilatório dos pacientes internados na Ucor. Os resultados obtidos confirmaram a necessidade de aplicação de medidas corretivas dos métodos empregados pela equipe multidisciplinar. Foram incluídos de modo prospectivo, 36 pacientes (idade média de 59,5 + 16,4 anos, 58,3% homens) em VM por um período superior a 24 horas e aptos para o desmame. O número de pacientes foi determinado por cálculo do tamanho de amostra e os mesmos foram randomizados em dois grupos: Grupo Experimental (GE) e Grupo Controle (GC). No GE, a extubação foi realizada de forma padronizada, de acordo com o Teste de Respiração Espontânea (TRE) das Diretrizes Americanas de Desmame e conduzida por um único fisioterapeuta, investigador principal do estudo. No GC, o mesmo investigador também realizava o TRE, mas sem intervir nos procedimentos de extubação, que eram determinados pela equipe interprofissional. Resultados: Os grupos foram superponíveis, não havendo diferenças estatisticamente significativas entre eles quanto ao sexo, idade, diagnóstico de admissão, parâmetros ventilatórios, variáveis fisiológicas e Escore Apache II. Os pacientes do grupo controle iniciaram o desmame precocemente em relação ao grupo experimental (74.7 14.7 horas vs 185.7 22.9horas; p=0.0004), pelo fato de não utilizarem o teste de respiração espontânea como critério para o desmame. Porém, após os pacientes do grupo experimental estarem aptos ao desmame, este foi realizado em um tempo mais curto em relação ao grupo controle (2,1 0,1 horas vs. 69,5 15,4; p <0.0001) com taxas de reintubação significativamente menores… Advisors/Committee Members: Susana Renata Perez Orrico, Domingo Marcolino Braile, Elias Knobel, Álvaro Avezum Júnior, Emmanuel de Almeida Burdmann, Lilia Nigro Maia.